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domingo, 30 de maio de 2010

Politicamente (in)Correto

Não que eu tenha ficado sem escrever aqui de propósito. Quer dizer, claro que foi, afinal, ninguém colocou uma arma na minha cabeça e mandou eu parar de escrever. Mas, entre final de ano passado, começo desse ano, vestibular, faculdade... minha vida acelerou mais do que eu previa. E acabei ficando sem tempo para ser politicamente incorreto aqui no Folha. Mas, estou de volta, de volta ao Folha Intermediária. Vamos lá?

***

Mais um dia normal. Um sábado normal. Um sábado normal significa poder finalmente relaxar com uma boa companhia. E, nesse sábado em especial, utilizei o nosso meio de transporte favorito para ir até a casa da minha namorada... O ônibus. 

Ops. Divago.

Primeiro, um pouco de contexo. Hoje, século XXI, as pessoas estão na busca da aceitação. Compreensão, entendimento... esse "movimento" começou após a segunda guerra mundial. O mundo se viu diante do maior genocídio já registrado, motivado por intolerância. Assim, surgia a ONU, a declaração dos direitos humanos. Anos mais tarde, na década de 60, a liberação femina; depois, o boom do homossexualismo em 80. No meio termo, rock'n'roll.

E daí, tio? E daí que surgiram termos com o"consciência social", "sustentabilidade", e o mal fadado, "polticamente correto".

Ah, o politicamente correto.

Ser politicamente correto é ser adequado nas situações de convivência social. É jogar lixo no lixo, reciclar aquilo que precise ser reciclado, andar na calçada, não fumar, não beber, não fazer sexo sem camisinha. Ser politicamente correto é ser meio chato mesmo. Mas também é importante; evita conflitos. Evitar conflitos é o que hoje em dia (quase) todos queremos.

Mas quando ser politicamente correto se torna politicamente incorreto? Existem momentos da sua vida em que você simplesmente quer mandar tudo pro alto, virar para alguém e mandar esse alguém ir tomar no ** quando ele te sacaneia. Ser politicamente incorreto é broxante, te desestimula a ser honesto. Tudo tem que ser maquiado, aliviado, para parecer mais aceitável. Não podemos machucar ninguém; fazemos rodeios para dizer o que queremos. Ficamos frustrados, não conseguimos aquilo que gostaríamos de conseguir. Perdemos a coragem de sermos ousados. Deixamos de buscar novas coisas com medo de que aquilo desagrade alguém.

Ou seja, hoje, tinha essa garota no ônibus. Eu estava escutando música e como bom cidadão politicamente correto, usando meus fones de ouvido. Assim, usando essa invenção tão nova, que acompanha todo celular que tem o recurso de executar arquivos mp3, eu posso escutar música como se ela estivesse bem alta, e ainda sim, não incomodar ninguém! Que fantástico mundo novo!

Mas ah, essa garota... a garota colocou uma faixa da Avril Lavigne tocando bem alto. Tão alto, que me chegou a atrapalhar-me a escutar a minha música, no fone de ouvido! Não era então, um sonzinho baixo. Aí, alguém se lembra de alguns anos atrás, talvez uns 10, quando todo ônibus em Goiânia tocava rádio? Especialmente os da Araguaia, sempre tocavam a rádio, bem... Araguaia. Enfim. Hoje nenhum ônibus mais tem som. Porque vocês acham? Politicamente correto: ninguém precisa ouvir algo se não quiser. Se quiser escutar música, use seu próprio mp3 e escute aquilo que quiser. Mas não essa garota. Não essa garota acompanhada por um outro garoto, esse bem grande, uns 1,90m de altura. Como todo cidadão politicamente correto, eu não falei nada. Provavelmente, por causa do acompanhante dela. Mas aquilo me irritou profundamente. Não é a primeira vez que isso acontece. E nem é só comigo, ou é? Não são só essas coisinhas que te irritam, mas te silenciam, durante o seu dia-a-dia. Então, qual é o limite entre ser politicamente correto e verdadeiro, honesto consigo mesmo e com as outras pessoas? Ninguém falou um “a”; eu gostaria de ter mandado ela enfiar o péssimo gosto musical dela em outro lugar, não nos meus ouvidos, que já são maltrados o suficiente. 

Mas, o que se pode fazer? Hoje, a moda é ser politicamente correto. E estressado, irritado, sem válvula de escape, aceitando o que a gente vê por aí para não ser mal educado. Afinal, reclamar também pode ser politicamente incorreto. 

PS.: Ler o Folha Intermediária é desaconselhado. *psiu, é politicamente incorreto!*

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