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sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Se não entendeu é porque não é foda como eu


É o que alguns escritores devem achar. Se não, existe algum outro motivo para publicar obras rídiculas que ninguém entende?

Pra quem não me conheçe, não me tome como um leitor preguiçoso ou um desses moleques que odeiam ler: eu gosto mesmo de ler. Leio até embalagem de leite quando tou tomando café da manhã. Você sabia que um copo de leite de 200ml tem cerca de 228mg de cálcio? E você aí, tomando cápsulas e mais cápsulas dessa merda: beba leite!

Já esses escritores, não devem tomar leite. Não, por que aí ficam com osteoporose e querem fazer todos nós sentirmos a mesma dor que eles sentem, só que ao invés de ficarmos doentes, vamos ter que ler esses livros... 

Por “vamos ter que ler esses livros” quero deixar claro que temos que lê-los para os vestibulares da vida. Querem um exemplo de coisa ridícula? “O Corpo”, de Lacordaire Veira, é um livro de contos todos inter-relacionados sobre o tema do corpo. Parece bonito, mas não é. Tente ler isso e você verá do que estou falando. No prefácio gigante do livro, um outro grande figurão das letras fala um pouco sobre a “sintaxe invisível” do autor. Por favor, me dê uma dose de sintaxe visível, pra que eu possa entender esse livreto...

Me chamem de ignorante, eu não ligo. Um livro que só foi publicado por conta de ter ganho uma bolsa de publicações, pela editora da UCG e pouco depois adotado como livro para o vestibular da mesma universidade (e da UEG também: minha mãe, sábia mulher, diz que "é tudo farinha do mesmo saco)? Me chamem de louco, eu não ligo (estou acostumado), mas pra mim isso cheira a um modo fácil de ganhar dinheiro: publicamos um livro escroto, que ninguém vai entender, adotamos para o nosso vestibular (logo todos os nossos 8.922 candidatos vão ter que comprá-lo), ganhamos dinheiro na inscrição, nos resumos que os caras vão TER que comprar pra tentar entender esse livro, e claro, no livro, já que é nossa editora que está publicando. Detalhe que o autor é professor da UCG: arrisco dizer que é parte da banca elaboradora de provas... está vendo onde quero chegar com isso?

Mas, para a crítica literária, quanto menos eles entendem um livro, melhor. Isso prova que o autor é “Inovador, autêntico e extremamente criativo” e coloca os vestibulandos pra se ferrarem.

Mas me desculpem, o que eu sei?, não entendi pois não sou foda como ele.

PS: Gostei dessa frase, será que registro patente dela? ; )

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Jovem não identificado.

O cursor piscava na tela branca. Ele pensava, pensava... abria uma janela, fechava outra. Não, mas que droga. Nada. Não conseguia pensar em absolutamente nenhum assunto aproveitável.

A ele já tinham dito que esse tipo de coisa acontece. Mas porque tinha que acontecer agora? Ele nem era bem um escritor... era mais uma coisa de passar o tempo. De madrugada, a maioria dos amigos já estavam indo dormir. Nessa altura, geralmente uma idéia surgia. E ele acabava ficando acordado e escrevia, escrevia... Graças à Deus pela informática, ele pensava, se não, quantas árvores ele não teria jogado fora com cada idéia rejeitada numa folha de papel? 

Naquela noite em particular, nenhuma idéia resolveu dar o ar da graça. O último dos amigos com quem valia a pena conversar já havia ido para cama. Provavelmente, seria melhor que ele também fosse dormir. Mas e aquela idéia, aquela desgraçada? Não, essa daí já havia partido. Ao pensar nisso, viu que até mesmo seus pensamentos eram contraditórios: para algo partir, deve primeiro ter chegado. E se nenhuma idéia o atingiu, não poderia ter partido.

Não, seu idiota, acorde. Se ele estivesse escrevendo isso provavelmente pensaria que o texto estava ficando monótono. Resolveu então, fazer algo de novo. Algo que ele nunca havia feito. 

Levantou da cadeira, tomando cuidado para não fazer qualquer barulho. Calçou um sapato, pegou as chaves e a carteira. Pensando bem, vou levar só o dinheiro. E saiu. Já era tarde. Ele resolveu deixar o relógio em casa: o tempo agora, pela primeira vez na vida, seria seu aliado. 
E foi-se. O vento frio cortava sua pele. Havia acabado de parar de chover. As ruas ainda estavam molhadas, mas nenhum carro estava à sua vista. Continuou andando... haveria de achar algo para fazer. Afinal, aquela era para ser uma grande metrópole: nem que fosse para ser assaltado, algo TINHA que acontecer.   

Aconteceu.   

Na distância ele viu um carro, prata. Desses de garotos ricos e mimados. Parecia que a porta estava se abrindo e um deles estava descendo do carro com uma garrafa na mão. Ele apertou o passo: ali estava sua história, agora era só correr e chegar próximo o suficiente para ver, mas sem assustar o mimado cachaceiro que estava se preparando para fazer alguma coisa da qual os advogados de seu pai o salvariam mais tarde.

Na calçada, um casal de mendigos. Os dois abraçados, de certo tentando evitar o mesmo frio que consumia nosso jovem aspirante a escritor. O 1,5g/l de álcool no sangue abriu a garrafa e começou a despejar. Em cima do casal. Nesse momento, nosso aventureiro tremeu. Arma ele não tinha. Carteira, pra fingir que era policial, o babaca deixou em casa. Relógio, para usar como soco inglês e bater no playboy com dano cerebral, também.

E enquanto pensava, uma ruiva, e como era linda aquela ruiva, saiu do carro com um esqueiro na mão. Um falante de língua anglo saxônica diria que “all hell just broke lose”, e diria com razão: a garota ameaçou jogar o esqueiro acesso no casal, que agora já estava acordado e implorando pela vida. Porquê não reagem, nosso aspirante sem idéias pensou. Aí ele viu o que não queria, como se aquilo tudo já não fosse merda o suficiente: o motorista tinha uma arma.

Merda, merda, merda. Ele tremia. Já não sabia se era do frio ou do medo. O que vou fazer? O cara tá armado, a gostosa tá com o isqueiro e o 1,5g/l já jogou a gasolina. Sábias palavras, idiota, todo mundo já tá sabendo disso...

Olhou pros lados, nenhum sinal de polícia. Que piada, achou mesmo que ia ter? Lei de Murphy combinada com a eficiência clássica da polícia brasileira não poderia dar em outra coisa: um casal de mendigos próximo à ser queimado e nenhum sinal de ajuda. 

Nosso aspirante não aspirava ser herói. E muito menos a saber se a bala realmente era “clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma tonelada”. Porque a fala de Mano Brown piscava na sua mente como uma fachada de cassino em Las Vegas? Não tinha uma música melhor, que ensinasse como sair daquela situação? 

Ah, e os cachaceiros, você deve estar se perguntando. Continuavam lá, rindo e fazendo palhaçada. Claro que ninguém na rua acordou: já estavam acostumados a gritos numa noite de sábado.

No chão, uma garrafa. De Coca-cola. Realmente, quem fez essa garrafa caprichou no design, é bonita não? Idiota, se concentre! Segurou-a como se fosse a própria ferramenta da criação do universo. Já havia visto isso em Hollywood: quebrou-a, segurando o bico, de modo a fazer uma espécie de faca. Cuidou para fazer o maior barulho possível: é pra assustar mesmo, playboy filha da puta! Infelizmente, quem olhou foi o da arma. Sempre, sempre fora azarado. Era aquela a sua hora?

Correu para a esquina: o armado correu atrás. Esperou. Cinco segundos que pareceram uma eternidade e se sua vida não havia passado como um flash diante de seus olhos, não era agora que ia morrer. Não sabe se foi a sorte ou o álcool, mas o idiota armado tropeçou e bateu a cabeça na faca-garrafa que ele segurava. O corte foi feio, e merecido. Desmaiou. O belo revólver com cabo de marfim, ah que lindo, estava no chão. Herói? Haha, vamos lá, sempre quis dá tiro mermo rapá! Deu dois pro alto: 4 no tambor... não perca a conta, essas balas vão ser necessárias, eu acho.

A ruiva pulou pra dentro do carro, o esqueiro caiu no chão, merda. Correu. O da gasolina tentou o carro. O casal mostrou que mendigo não é bobo: a faca no pneu, ruiva, linda, no chão. Revólver apontado para o 1,5g/l e sensação de superman.

A polícia chegou: eu não senhor, tou ajudando eles aqui, pro chão vagabundo, pá, pá. 

Manchete: jovem não identificado salva casal de mendigos de serem queimados vivos, mas não sobrevive à tiros. Jovens estudantes suspeitos do homícidio.

A vida foi bandida para nosso aspira.

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domingo, 21 de dezembro de 2008

Era um garoto...

Era um garoto. Como outro qualquer. Para ele, seu maior defeito era ser “como outro qualquer”. Ela não, nem de longe poderia ser como qualquer outra. Para ele, ela era aquela que dizem que só existe uma em cada vida. Pois bem. 

Um bom amigo disse que ela era muita areia para ele, pobre caminhãozinho qualquer. Ele, obstinado, disse que se necessário fosse, aumentaria sua frota: nada o impediria. 

Como qualquer outro garoto-rapaz, era inexperiente. Não sabia as palavras, não sabia como. Só sabia o que queria e queria saber como querer. Ela, hum, ela não sabia de nada. E como poderia? 
Um dia, pensou em dizer à ela apenas o que sentia. Nos filmes, funcionava. Nos livros, (às vezes) também funcionava. Pelo amigo foi desestimulado: está louco, vais assustá-la, imbecil. 
As tentativas que os amigos recomendavam porém não o satisfaziam. Não havia nada que pudesse fazer: se conformou. Ela parecia ser como um rio e ele não era draga suficiente para tirar toda aquela areia.   

                                                                 *

Quinze anos, uma faculdade, um mestrado e alguns tragos depois. O garoto-rapaz agora era rapaz-homem. Ou homem-rapaz? Ele também não bem sabia. Lembrava-se das palavras de um professor: “até os quarenta anos os homens buscam sua definição como ser”. Eram palavras de algum filósofo, pensador, o diabo. Ele não sabia e honestamente, no momento a frase era mais importante do que quem havia a dito.

Era uma cidade nova para nosso homem-rapaz-rapaz-homem. As milhas ganhadas de bônus na viagem poderiam ser usadas para rever amigos e família, mas agora, teria que se acostumar ao local. Ao vento frio, à solidão. Desceu do táxi: em frente ao hotel, havia um bar: “Jack on the rocks.” Prontamente atendido: primeira frase, primeiro trago: primeira alegria. 

É. Passaram-se dias e semanas. Alugou o flat. Se acustumou ao frio. Não à solidão: tratou de fazer amigos. Amigos. 

Um ano, mais amigos. Tirou seu primeiro recesso. Três semanas de descanso, ele não os achava tão merecidos, mas seu patrão sim, e por mil demônios, o homem deve saber o que diz. A cidade era nova, era grande: um ano depois e mal sabia onde ir. Uma das três semanas deveria ser para conhecer tal belo local. Rimou, mas não foi intencional.

Na rua, no táxi, viu um rosto que parecia familiar. “Stop the car, please.” Prontamente foi atendido. Pagou, desceu, olhou, viu. Não, não poderia. Será? Ela? Naquele lugar, naquele frio, em meio àquela solidão disfarçada? Raios que me partam, era. Chamou-a. Ela virou-se. Era ela. Ela, que não era como qualquer outra, nem como outra qualquer. Mas era ela. Quinze anos, um mestrado, uma faculdade, mais um ano de poucas felicidades: novamente ela. “Não acredito, é você.” Um abraço, um beijo. “Vamos tomar um café?” Sim, café é uma boa idéia: sempre chamam as pessoas para tomar um café. Café preto, desceu amargo, como um café deve ser. 
Recordações, lembranças. Uma nova oportunidade. Nosso jovem-garoto-rapaz-homem queria agarrá-la. Mas esperou. E escutou. A história que ela contava soava familiar. Deu uma suave e macia risada: “Do quê está rindo?” Não respondeu. Apenas beijou-a. E ela entendeu.
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segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Nós todos não adoramos os fins de ano?

    Ah, eu acho que sim. Fim de ano é aquele momento em que você pode falar as coisas mais lindas possíveis sem ficar sem graça: afinal de contas, é fim de ano, todos estão meio emotivos... E quer chance melhor para (nós) os tímidos? 

       Será mesmo? Pode ser que as pessoas pensem: “Foda-se se Natal é nascimento de não sei quem, o que tá rolando é eu ganhar meu presente... “Próspero Ano Novo pra você brother, que ano que vem é pra tu me dar um presente melhor... “. Acho que nunca saberemos, afinal, ninguém vai dizer isso pra você...

    Mas tá valendo. Nessa época é interessante observar orkut, myspace... As pessoas mandam fotos bonitinhas, recadinhos fofos e declarações pra seus amigos (e até pra quem não é exatamente amigo). Quem se importa, é fim de ano, vamos celebrar!   

    Caramba, se as pessoas fossem assim o ano todo... por um lado seria um saco, todos seriam um porre com esse grude todo. Mas talvez essa fosse a chance de mostrar que nem só de rotina vive o homem: seríamos todos mais amigáveis e a vida seria melhor. “Uma ponta de esperança Rafael?”. Não custa sonhar.

    Não me entendam mal, eu não sou um sentimentalista - ou pessismista -extremo. Digamos que as vezes me imagino como um observador neutro. E quando um ano está acabando é que temos as melhores oportunidades pra entender (ou não...) nós próprios como seres humanos.

    Vai saber... cada louco com sua loucura. A minha é tentar entender certos paradigmas que ninguém realmente dá a mínima. 

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Começo de "carreira".


Esse negócio de escrever é mesmo uma fria. Dizem que pra quem escreve, o importante é que leiam. Outros acham que o bom mesmo é ver o que foi escrito ser discutido. Vai saber. Por enquanto já me contento em “ser lido”.

Todo blog sempre começa com o clichê da apresentação. Uma tendência óbvia, melhor falar quem diabos você é antes de sair vomitando textos em cima de pessoas que não fazem idéia de quem está escrevendo.

Pois bem então. Fui registrado como Rafael. Não sou formado em nada, nem terminei o ensino médio. Ainda está lendo? Bom... melhor te manter interessado... Enfim, estou cursando o dito ensino médio. Ser vagabundo também tem limites. Esse blog não vai ser uma autobiografia minha, graças à Deus. Então, o quê ou por quê resolvi escrever aqui?

Então tá... Estava eu conversando com uma amiga sobre o tédio que essas férias estão gerando em nós. É aquela sensação de precisar fazer alguma coisa importante e não saber bem o quê. Ou, saber o que fazer e não querer colocar em prática porque é tão chato quanto não fazer nada. Pode ser também aquele sentimento de estar perdendo seu tempo mas não ter a mínima noção se existe mesmo alguma opção que não seja ficar aí, vegetando até alguém te mandar fazer alguma coisa. Eu resolvi pular fora desse barco sem destino e escrever aqui. Outras pessoas vão continuar me dizendo o que fazer... e eu vou continuar discutindo - em vão, geralmente não temos escolha – e se rolar um tempinho, vou dizer à vocês por quê eu resolvi discutir em primeiro lugar.

Ou quem sabe vou só dizer que aquele babaca do presidente é, quem diria, um babaca. Sei lá. Lembra daquela amiga? Ela queria saber o que precisamente eu ia escrever aqui. Eu também.

Abraços,

Rafael Braga.

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