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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cadeiras solitariamente acompanhadas

A manhã no campo. O aroma suave da relva umedecida pela garoa da noite anterior. O cheiro de café feito na hora. O cantar do galo. Duas cadeiras, uma do lado da outra, esperando seus donos.


Foi assim por muitos, muitos anos. Quem sabe contar, contaria uns 30. Sim, muitos anos, ainda mais se levarmos em consideração como as coisas são passageiras. Um ritual matutino que dura 30 anos é algo a ser celebrado.

E foi, diversas vezes. Celebrações animadas, festas e pessoas, muitas pessoas. No entanto, essas ocasiões eram passageiras. As cadeiras, no entanto, não eram. Até aquele dia.

Naquele dia, o café atrasou. Naquele dia, o galo cantou na hora, apenas para trazer as más notícias. Quando o galo cantava, o café já estava na mesa, a manteiga no pratinho e o pão, quentinho. O leite, na garrafa. Naquele dia, o café estava frio: era o de ontem. Naquele dia, a manteiga estava na geladeira, o leite ainda não havia sido tirado da vaca e o pão, estava duro como pedra. Naquele dia, tudo mudou.

Naquele dia uma senhora viu seu companheiro se levantar primeiro, como todos os dias. Mas ela ouviu o que nunca havia ouvido antes: um estrondo forte, como se algo tivesse caído. Ele caiu, da escada. Caiu segurando o braço. Não gritou, não houve tempo.

O galo cantou.

O médico disse que foi fulminante o infarto, ele não sofreu muito. Um observador inocente diria que a queda deveria ter doído muito mais. A senhora, não se importava se fora dolorido. Só pensava que seu companheiro não estaria mais ali todos os dias. Qual o motivo então para fazer o café? Qual o motivo de tirar a manteiga da geladeira, se o pão quentinho não chegaria a cavalo da padaria do vilarejo? Se o leite não seria tirado da vaca pelas hábeis mãos de seu marido? Para quê toda aquela extensão de terra, toda aquela plantação, toda aquela relva, se não havia ninguém para compartilhar a beleza e a suavidade do aroma de relva molhada todas as manhãs?

As filhas a levaram para a cidade. Deram-lhe um apartamento. Um bom apartamento, grande, para que ela não sentisse falta de nada. Mas é claro que ela sentia. Sentia falta de um homem que às vezes era rude, mas era sempre presente. Um homem que, diferentemente dos outros que se casaram com suas irmãs, ajudou-a a criar suas filhas e seus filhos com dignidade, para serem pessoas de bem, e bem sucedidas.

Aquele homem faria muita falta: não havia apartamento algum que substituiria a sua companhia – especialmente a matinal, a primeira do dia.


Por isso, todos os dias, a última coisa que fazia era descer de elevador, até a área da piscina. Lá, encontrava duas cadeiras. As colocava lado a lado. Sentava em uma, esperando. Diferentemente dos “bons velhos tempos”, essa não era a primeira coisa que ela fazia no dia. Era a última. Porque a esperança é a última que morre. Aquelas cadeiras organizadas eram a esperança daquela velha senhora, de um dia ter seu velho companheiro sentando ao seu lado, para, se não um café, ter um jantar iluminado pela luz da lua.

Dedicado à misteriosa senhora das cadeiras. 


5 pessoas deram alguma opinião:

Amanda Mendonça disse...

assim... quem vem na sua cabeça pra escrever isso ? Oo
é muita falta do que fazer, aopsksopa'
mas eu gostei *-*
;*

17 de fevereiro de 2010 às 00:36
Unknown disse...

kkkkkk

a amanda tem razão kra

na hora queu comecei a ler achei estranho ai eu pensei que o Rafael ta apaixonado

porra vei fico bacana mesmo

e quem é a senhora das cadeiras?

17 de fevereiro de 2010 às 16:47
Unknown disse...

Rafael,ficou mto bom msm o texto...Mas assim da onde vc tirou tanta expiraçao pra escrever esse texto??Kkkkkk...
A senhora da cadeira nao é mais tão misteriosa p mim...agora eu sei quem ela é.

Beijaoooo

18 de fevereiro de 2010 às 11:39
Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Adriano disse...

Ae Rafael...muito bom...
Ps: o Rafael como sempre provando que é criativo....e que é mais atoa do que todos nós juntos kkkkkkkkkkkkkkkkkk

5 de março de 2010 às 14:54